Proporcionar o melhor atendimento possível a cada doente é o objetivo de todos os profissionais de saúde. No entanto desafios tais como falta de pessoal, superlotação e a falta de tempo muitas vezes tornam esse objetivo difícil de alcançar. Testes de diagnóstico rápidos podem ajudar à aproximação desse objetivo de oferecer um cuidado ótimo ao doente. Assim, fazer um diagnóstico correto e rápido significa proporcionar o atendimento adequado  ao doente certo no momento certo.

O Dr. Tomás Lamas, Médico Intensivista, Internista e responsável pelo GCL-PPCIRA no Hospital CUF Tejo e Intensivista no Hospital Egas Moniz, fala sobre temas relacionados com diagnóstico: como um diagnóstico rápido é importante para o adequado tratamento do doente, especialmente em doentes críticos, o seu papel na gestão de doentes e circuitos hospitalares, a sua mais-valia, qual o papel do painel de pneumonia BioFire® no diagnóstico de superinfeções e quais foram as boas práticas impulsionadas pelo contexto pandémico.

 

Qual é o impacto clínico do diagnóstico microbiológico rápido em doentes críticos?

O diagnóstico acelerado com um resultado em 1 hora num doente crítico tem um impacto muito importante na orientação da antibioterapia, ajuda-nos a dirigir a terapêutica numa ótica de medicina de precisão.

 

Qual é o papel do diagnóstico sindrómico na gestão de doentes/circuitos hospitalares?

Há cada vez mais a necessidade de ter o conhecimento da patologia infeciosa que o doente tem pois é fundamental tanto do ponto de vista do clínico que quer tratar o doente adequadamente como também do ponto de vista do controlo da infeção dentro do hospital.

O painel  BioFire® (RP2.1+) permite identificar um grande painel de vírus e bactérias e tendo um painel alargado permite-nos orientar e balancear a probabilidade de ter covid ou outra patologia infeciosa. Este teste com painel alargado tem várias vantagens, tanto para os doentes pois podem usar  uma única zaragatoa para fazer o painel de vírus e bactérias, o que traz um maior conforto pois fazem apenas um teste e têm vários resultados, como para a gestão do Hospital que tem a possibilidade fazer um teste com vários resultados com o mesmo custo.

 

Qual é a mais-valia da tecnologia de diagnóstico rápido?

A mais-valia é principalmente neste contexto dos primeiros 2 ou 3 dias de internamento (tempo para uma cultura dar um resultado positivo). Se tivermos o resultado em apenas 1 hora, mesmo que não seja 100% garantido, permite-nos (aos clínicos) orientar a terapêutica do doente. Faltam-nos ferramentas para orientar a terapêutica dos doentes e se tivermos esta ferramenta (Painel BioFire®) que nos orienta tanto se for uma infeção bacteriana como uma infeção viral, permite evitar antibioterapia empírica desnecessária e fazer um descalamento de antibióticos. Tira-nos uma série de dúvidas e permite-nos orientar e dirigir a terapêutica correta para esse doente.

 

Qual é o papel do painel de pneumonia no diagnóstico destas superinfeções?

Usa-se em monitorização com a procalcitonina, que é um marcador mais específico para as infeções bacterianas. Enquanto o marcador não dá positivo, vamos mantendo uma atitude de expetativa para ver se o doente desenvolve a infeção bacteriana durante o internamento hospitalar. Assim que a procalcitonina sobe, apontando que há uma nova infeção bacteriana, o painel de pneumonia permite-nos logo saber qual é o agente e qual é a expetativa de ter um agente sensível ou resistente aos antibióticos. Com essa estratégia não temos encontrado diferenças de mortalidade ou morbilidade entre os doentes que fazem o antibióticos e entre os que não fazem.

 

Quais as boas práticas impulsionadas pelo contexto pandémico?

Com a pandemia, as medidas de prevenção passaram para um nível bastante superior, assim acredito que as infeções nosocomiais vão descer.